7 SINAIS DE QUE O PROCESSO DE COACHING ESTÁ CONDENADO AO FRACASSO

Tenho visto muitos coaches iniciantes na profissão, terem experiências frustrantes e que acabam muitas vezes por traumatizá-los, impedindo que prossigam sua carreira como coaches. Entretanto, se você estiver muito atento aos sinais emitidos pelo coachee e pelo próprio coach, você poderá tomar providências antecipadamente prevenindo que esse tipo de situação aconteça.

 

1. Alguém quer que o coachee tenha um processo, mas ele não quer

O primeiro sinal que você precisa reconhecer, valorizar e clarificar é quando alguém, que não é o próprio coachee, acredita que ele precisa de coaching e o convence a fazer o processo, sem considerar a sua própria vontade. Pode ser seu pai, sua mãe, a empresa, o próprio coach que precisa “treinar” o coaching, enfim, qualquer pessoa que com muito boa intenção acredita que o coachee pode se beneficiar do coaching mas, ele mesmo não está totalmente comprometido com o processo.

Uma boa alternativa para lidar com isso é fazer uma boa sessão de coaching education no início do processo e um contrato claro falando sobre papéis de coach e de coachee, responsabilidades, comunicação, procedimentos, participação e principalmente,  fazê-lo compreender que o coach não vai mudar sua vida, mas que ele mesmo é quem terá que tomar as ações para fazer a mudanças necessárias.  Caso você perceba, em qualquer momento, que o coachee está desconfortável ou resistente a isso, encare essa percepção e revele isso à ele de forma muito tranquila. Procure  não passar a informação de que você está chateado com ele. Trata-se da prestação de um serviço e não da prestação de um favor a alguém. Comece por você mesmo a não confundir e misturar os papéis.

2. O coachee não faz as tarefas

Nós sabemos que urgências acontecem e podem algumas vezes impedir o seu coachee de fazer a tarefa que você havia acordado com ele na sessão, especialmente se ele é uma pessoa que vive na urgência. Entretanto, se ele fizer isso  uma vez e você não for firme com ele, ele vai repetir e repetir, deixando claro que isso é um padrão de comportamento dele. Essa é uma grande oportunidade de trabalhar no coachee seus comportamentos contraproducentes. Percebo que aqui reside um comportamento contraproducente do próprio coach, enraizado em uma crença sua e que nem sempre você tem consciência. Trata-se de não fazer cobranças claras ao coachee por receio de magoá-lo ou fazer com que ele desista do processo e não ame mais o seu coach. Saiba que se você está fazendo isso, você não está sendo congruente com a proposta do coaching e principalmente, não está ajudando seu coachee a transcender seus padrões limitantes.

Você coach precisa correr o risco de desagradar o seu coachee e ser firme com ele. Jamais finja que não fazer a tarefa é uma coisa normal, superficial ou nada importante. Uma boa alternativa para lidar com isso sem julgar ou agredir o coachee é perguntar: “O que lhe impediu de fazer a tarefa?”, ou “Você considera que deu o seu melhor para realizar essa tarefa?”, “Você consegue avaliar o impacto disso para seus resultados no coaching?”, “O que o fato de não fazer a tarefa por 3 vezes seguidas, está revelando do seu comportamento?”, “Como você conseguirá ser reconhecido como um exemplo de líder com esse comportamento?”.

Nunca se esqueça que aquilo que acontece entre você e o coachee no contexto da sessão e do processo de coaching, é sempre uma pequena amostra do que acontece com ele no dia a dia da sua vida. Se você assumir também o ônus de ser coach na real essência da proposta, poderá estar provocando a transformação de uma vida inteira e de todos que convivem com seu coachee.

 

O que você coach não tem feito e que tem levado o 

coachee e não assumir seu papel no coaching? 

O que essa omissão significa?

 

3. O coachee desmarca a sessão

Com frequência o coachee liga em cima da hora ou antecipadamente e desmarca a sessão. Uma vez tudo bem, como disse, urgências acontecem, mas quando isso se repete, novamente o coachee está sinalizando que alguma coisa não está bem. O mais incrível é que você coach, sente e intui que isso vai acontecer. Sabe por que?  Porque de alguma forma, alguns sinais foram emitidos e indicaram que o coachee não viria na próxima sessão. Há um grande problema nessa comunicação superficial que temos a tendência em manter. No coaching temos que estar disponíveis a uma comunicação aberta, clara, sincera. Havendo respeito, segurança e disponibilidade de ambas as partes, tudo poderá ser falado abertamente, sem necessidade de cuidados excessivos. Se você coach não tiver a iniciativa de verbalizar o que está percebendo, não terão a chance de prevenir que o ciclo da sabotagem se complete e você colecione mais uma desistência no processo de coaching.

A dica é, verbalize o que você estiver percebendo de sinais e convide seu coachee a refletir sobre o significado destes. Você pode clarificar, “Percebi que quando falamos do horário da nossa próxima sessão você não confirmou que virá, mas acenou a cabeça negativamente. Você pode compartilhar comigo quais pensamentos estão se passando aí dentro de você agora?”. Talvez essa provocação do coach seja a oportunidade do coachee, revelar que estava pensando que não tem certeza de que virá na próxima sessão porque está muito chateado com as coisas que ouviu hoje. Inúmeros pensamentos e emoções estão se passando dentro do coachee e que se revelam na sua linguagem corporal. É sua responsabilidade de coach mencionar isso e dar a chance do coachee tomar consciência de que já está se programando para faltar à próxima sessão.

Se você tiver dificuldade em conduzir essa conversa por medo de magoar seu coachee, peça-lhe a permissão para dizer algumas coisas que você está percebendo e que possam fazer sentido para ele ou não.

4. A sessão de coaching resume-se a uma discussão 

A sessão de coaching nunca se trata de uma discussão e nem de argumentação da parte do coach no intuito de convencer o coachee de alguma coisa. Se você está fazendo isso, pare tudo, essa não é a proposta do coaching. Não é você que sabe verdades sobre seu coachee que ele não sabe e você precisa convencê-lo disso. Você pode em alguns momentos levantar hipóteses, mas ainda assim é o coachee que vai validá-las ou não. Se você é o tipo de coach dono da verdade, tome cuidado,  que você está passando a mensagem que você é superior a ele e sabe o que é melhor para ele. Dessa forma, o prejuízo para o processo é que você está convencendo seu coachee de tomar decisões que não são congruentes com o que ele acredita, não dará certo e a responsabilidade pelo prejuízo recairá sobre você. Obviamente se você está sufocando seu coachee ele vai inventar alguma desculpa para desistir do processo e fugir de você.

Contenha-se na sua necessidade de estar sempre certo, foque nas perguntas e esteja a serviço do seu coachee na clarificação das ideias, dos insights e das decisões.

 

O que você ainda precisa resolver em você

 para ser um coach melhor?

 

5. O estado desejado para o coaching não depende única e exclusivamente do coachee

Esse sinal é tão óbvio quando você está na formação e procuramos deixar isso muito claro, entretanto, quando vai para a prática, você entra no modo automático e pula etapas essenciais e que podem custar o sucesso do processo. Uma pergunta muito simples e que pode eliminar completamente esse risco é “De quem depende este resultado?”. Caso a resposta seja, depende do meu chefe, da minha esposa, da empresa, do pai, da mãe, etc., não se iluda que não vai acontecer. O coachee vai fazer da tripas coração e não vai chegar lá. Em decorrência disso, seu sentimento como coach poderá ser, “Onde foi que eu errei?”. Errou em não avaliar junto com o coachee se o estado desejado dependia única e exclusivamente dele.

Vou dar um exemplo para ficar mais claro. O coachee quer ser promovido na empresa. Esse é seu estado desejado. Então pergunte, “Você realmente acredita que  está no seu poder ser promovido na empresa?”. Na verdade isso depende de um convite da empresa e por mais que ele se esforce, o convite pode não acontecer. Uma alternativa é colocar o estado desejado de forma que dependa do coachee por exemplo: “Estar preparado para assumir o cargo de gerente de vendas”. Isso sim está completamente na alçada do coachee, já o convite, não está. Obviamente quando ele estiver preparado e o convite não acontecer, ele ainda assim conquistou seu estado desejado no coaching e o próximo passo poderá ser a mudança de empresa.

6. O coachee fica mudando o estado desejado durante o processo 

Você e eu sabemos o quanto ter foco no processo de coaching é condição fundamental para o sucesso do processo. Entretanto, algumas vezes também atendemos coachees com o perfil de água, ou seja, aquelas pessoas altamente criativas e inovadoras que estão sempre em busca de novas idéia e possuem uma grande dificuldade de se manter no momento presente e no exercício da disciplina. Se você tiver um coachee com esse perfil, muito provavelmente ele chegará na primeira sessão entusiasmado com seu objetivo e na sessão seguinte, vai querer outras coisa. Você começa a trabalhar com ele e lá pela quinta sessão ele vai achar que o que ele precisa mesmo é outra coisa.

Caso você identifique esse padrão de funcionamento do seu coachee, aproveite e trabalhe exatamente esse comportamento nele. Pergunte por exemplo: “Já é a terceira vez que você quer mudar seu objetivo aqui no coaching, o que isso está revelando do seu comportamento?”, “Em quais outros contextos da sua vida, você também repete esse mesmo padrão de comportamento?”, “Quais resultados você vem obtendo com tais comportamentos?” “Como você se sente ao se dar conta disso?”. Repito novamente a mesma orientação, que você nunca deixe passar uma oportunidade de aproveitar aquilo que estiver acontecendo entre você, seu coachee e o processo como subsídio para a reflexão e a mudança.

 

O que impede você de colocar o dedo 

na ferida do seu coachee?

 

7. O coach finge que nada disso está acontecendo

Essa é a pior parte. O coachee pode ter e vai ter todos esses comportamentos citados acima, eles são absolutamente normais. Quando se trata do coach se comportar desta forma, aí realmente a situação é crítica. Se você coach negligenciar os sinais que seu coachee está emitindo de que o processo não vai bem, então você estará contribuindo para o fracasso do processo de coaching.

Assuma correr o risco de talvez desagradar o seu coachee, mas seja profissional, chame-o a responsabilidade. Talvez ele não goste e realmente fique chateado no primeiro momento, mas imediatamente irá refletir e compreender que você está cumprindo com o seu papel de coach para o qual ele lhe contratou.

Resumidamente as ações fundamentais são valorizar todos os sinais percebidos e sempre voltar ao contrato inicial, educando e formando consciência para a mudança.

Se você quiser saber mais sobre as competências do coachee para estar pronto para um processo de coaching, leia o artigo aqui no blog.

Recomendo também que você faça sua auto avaliação de coach a cada sessão concluída. Saiba mais assistindo o vídeo abaixo.

Convido você a compartilhar esse conteúdo com seus colegas coaches que possam estar precisando saber dessas coisas.

 

Quanto você avalia que realmente está exercendo o 

papel de coach nos processos que você tem conduzido? 

 

 

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Claudia Negreiros
Claudia Negreiros
Claudia Negreiros é Coach e Mentora de Coaches e ajuda os coaches a conquistar segurança e autoconfiança para SER e VIVER de Coaching.