Como potencializar o uso das ferramentas de coaching.

As ferramentas de coaching são apenas complementos que podem fazer parte de uma sessão e não o motivo principal.

Qual é o problema de usar ferramentas de coaching?

É lamentável saber que existem tantos coaches no mercado atuando de forma tão superficial. Me refiro a forma como conduzem seus processos de coaching, reduzindo-os a aplicação de uma série de ferramentas de forma mecânica e repetitiva.

Acredito que isso acontece justamente pela necessidade do coach de garantir resultados ao coachee. Como ele aprendeu que, se usar uma lista de 10 ferramentas indicadas, vai garantir que o processo e o resultado aconteça, logicamente é assim que ele vai atuar inicialmente.

Os coachees mantém sua individualidade e a customização de cada ferramenta para cada cliente é indispensável. É pergunta comum entre meus alunos iniciantes na arte do coaching, “Eu tenho que usar esse roteiro exatamente dessa forma? ”. Obviamente que não. O que você precisa é ter senso crítico e acurada sensibilidade para fazer os ajustes necessários.

É prática comum, que o coach se prepare para seu atendimento, escolhendo previamente a ferramenta a ser utilizada com o coacheee, antes da sessão. Eu e você sabemos o quanto isso pode ser confortável, à medida que garante um certo controle sobre o que vai acontecer na sessão. Entretanto, assim como você está a serviço do seu coachee, também a ferramenta está ao seu serviço de coach.

Idealmente, você deveria primeiramente receber seu coachee e compreender como ele está chegando na sessão, questionar qual aspecto ele deseja trabalhar naquele dia, e, somente depois disso, caso seja pertinente, você lança mão da ferramenta. Você não deveria encaixar o coachee na sua estrutura e ferramental, mas sim, adaptar toda sua estrutura e ferramental ao perfil e as necessidades do coachee.

Vamos visualizar melhor com um exemplo. Se trabalharmos com ferramentas de análise ou levantamento de perfil, vamos compreender que talvez você tenha um coachee que tenha um perfil de executor, aquele que gosta de objetividade, desafio e ação. Não adianta insistir com ele em explicar o passo a passo, teorizando ou querendo aplicar listas intermináveis.

Ele ficará impaciente e talvez, nem retorne na próxima sessão achando que você não é um bom coach. Estou falando isso para você porque já passei por situações em que isso aconteceu. Eu me via frustrada, culpada por perder o coachee, caminhando no escuro, sem parâmetros e sem clareza da situação.

Mas onde mora o “x” da questão?

O grande problema reside na insegurança do coach.

Acredito que a opção por utilizar rigidamente as ferramentas, acontece justamente pela necessidade do coach de garantir resultados ao coachee. Como ele aprendeu que, se usar uma lista de 10 ferramentas indicadas, vai garantir que o processo e o resultado aconteçam, logicamente é assim que ele vai atuar inicialmente.

O grande problema reside na insegurança do coach. Talvez você conheça muito intimamente essa pessoa que precisa manter o controle de tudo a sua volta porque, caso as coisas saiam do programado, estará vulnerável e o coachee poderá perceber alguns gaps em sua performance.

Obviamente que isso é muito mais fantasia do que realidade. Mas, esse receio de que as coisas deem erradas, pode ser saudável na medida que faz com que o coach busque preparar-se cada vez mais. Mas também pode ser doentio na medida em que paralisa o coach e o impede de agir e aprimorar sua performance.

Como usar adequadamente as ferramentas de coaching?

Eu te convido a arriscar. Primeiro acolha o coachee na sessão, receba suas queixas e seu estado atual da sessão de hoje e posteriormente escolha uma ferramenta, caso ela seja pertinente para chegar a um resultado efetivo na sessão. Vou dar um exemplo. É a segunda sessão e você preparou o esquema da ferramenta Roda da Vida para aplicar no coachee, entretanto, ele chega pela segunda vez, quinze minutos atrasado na sessão e começa a se justificar e reclamar. Está aí uma grande oportunidade de trabalhar a gestão do tempo e a responsabilidade.

Como aproveitar melhor o que acontece aqui e agora?

Algumas perguntas poderosas que você pode fazer ao cocahee para aproveitar este contexto e fazer com que seu coachee aprenda com suas atitudes, podem ser: “Você está ciente que novamente está abrindo mão de quinze minutos da sua sessão em função do atraso? ”, aguarde a resposta e talvez possa complementar, “Quais perdas para o processo e para a sua carreira esse padrão de comportamento tem causado? ”, “ Como você se sente com relação a isto? ”,“Como isto se relaciona com o que você veio buscar no processo de coaching?”, “Quais outras perdas você tem tido na vida por conta dos seus atrasos?”, “Como você está se sentindo com tudo isso?”.

Agora, na medida que seu coachee toma consciência de um comportamento de provável auto sabotagem e assume total responsabilidade por ele, você pode convidá-lo a responder ao questionário da Tríade do Tempo*, por exemplo. Assim, poderá compreender mais a fundo como otimizar o uso do seu tempo, se vive na urgência, ou se perde tempo com atividades nada significativas para seus resultados, ou se opera principalmente nas coisas importantes. Você conseguiu perceber que agora sim a ferramenta tornou-se pertinente e muito proveitosa ao coachee?

Espero realmente que você tenha compreendido e se apropriado desta proposta, que colocará você em um nível muito diferenciado de se fazer coaching, o nível da maestria.

Estamos juntos nesta jornada para SER e VIVER de Coaching!

(*) Tríade do Tempo é uma ferramenta do livro A Tríade do Tempo de Christian Barbosa.

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Claudia Negreiros
Claudia Negreiros
Claudia Negreiros é Coach e Mentora de Coaches e ajuda os coaches a conquistar segurança e autoconfiança para SER e VIVER de Coaching.