Contrata-se Colaborador Reborn!

O advento do bebê reborn me fez pensar: será que a sua empresa está criando colaboradores reborn? 

O termo reborn vem do inglês e significa renascimento. A polêmica que se estabeleceu no Brasil neste ano está relacionada à forma como os bebês reborn (bonecas realistas) têm sido usados pelas pessoas: como se fossem bebês de verdade. 

O aspecto que eu quero provocar você para refletir aqui é sobre o quão cômodo é lidar com um bebê reborn. O bebê reborn não tem febre, não grita, não chora, não faz manha, não fica doente, não faz xixi, não faz cocô, você não tem que trocar fralda, e não faz você perder noites e noites de sono. Enfim, com um bebê reborn, um objeto inanimado, você simplesmente lida com ele quando, como e da forma que você quiser, manipulando pra lá e pra cá, atribuindo a ele inclusive características idealizadas conforme as suas próprias expectativas. 

Como é que isso se compara ao colaborador reborn? 

Na minha prática de quase três décadas dentro das empresas desenvolvendo líderes, tenho visto repetidamente o quanto muitas empresas tendem a implementar formas de estimular a criação de colaboradores reborn. 

Como as empresas estimulam a criação de colaboradores reborn? 

  • Toda vez que você impede a participação das pessoas;
  • Toda vez que você diz que está contratando mão de obra;
  • Toda vez que você se refere ao seu colaborador como chão de fábrica;
  • Toda vez que você recomenda que seu colaborador que deixe os problemas pessoais lá fora;
  • Toda vez que você impõe que empresa não é lugar pra sentir;
  • Toda vez que você não considera a opinião de quem atua no dia a dia da empresa.

Tudo isso está refletindo a sua ideia sobre o que é um bom colaborador. 

O colaborador reborn

Parece que um bom colaborador, para algumas empresas, se assemelha ao colaborador reborn, ou seja, aquela pessoa que não tem opinião, que não confronta, que tem uma obediência cega ao seu chefe, a pessoa que não não tem ideias próprias, que não te desafia, que não falta ao trabalho, que não adoece, que não tem picos de estresse, que não denuncia assédio, que até nem participa de pesquisas de satisfação e que não precisa de feedbacks. 

Veja como é confortável lidar com o colaborador reborn: para ele, está sempre tudo bem. 

O colaborador reborn simplesmente está todos os dias ali no automático, batendo seu cartão. Entrando e saindo no horário e entregando pra você aquela tarefa básica que você exige.

O colaborador como pessoa inteira

O oposto de um colaborador reborn, podemos pensar, é uma pessoa por inteiro. Um colaborador inteiro é uma pessoa cheia de dificuldades, de problemas, de necessidades, de talentos, de potencialidades, de expectativas, etc. A empresa é exatamente o local onde é possível que esse colaborador transcenda os seus limites e seja capaz de experimentar a sua potência máxima. 

Se esse colaborador tiver um líder que enxerga o seu potencial, que promove a participação, que escuta, entende e provê a satisfação das necessidades individuais e coletivas do seu time, dando-lhe condições de desenvolvimento, pode ter certeza que esse colaborador vai performar melhor e vai chegar a patamares que jamais ele conseguiria chegar sozinho. 

É pra isso que servem as empresas, mas você jamais conseguirá isto tratando seus colaboradores como mão-de-obra, cabeça de obra, chão de fábrica, ou colaborador reborn… 

O preço da ruptura

Há alguns dias, assisti uma série chamada Ruptura. A ficção trata de uma empresa onde as pessoas esquecem totalmente quem elas são na vida pessoal ao entrar na empresa. Quando estão fora da empresa também esquecem quem são no trabalho, ou seja, há uma ruptura na identidade de cada colaborador. Mas isso tem um preço bem alto, chegando a custar a sanidade e a vida das pessoas. 

Na Ruptura, e também aqui entre nós, é chocante perceber o distanciamento entre a tarefa mecanicamente executada e a falta de propósito no trabalho, o que leva as pessoas a sentirem angústia, sensação de não pertencimento, desconfiança sobre à que esse trabalho fragmentado está servindo, e uma série de outros questionamento incômodos.

É por tudo isso que eu recomendo que você pare de negar que cada colaborador é um ser inteiro. Ele só conseguirá colocar toda sua potência a serviço de um propósito se ele conseguir se sentir pertencente a este propósito maior, o propósito da empresa. 

Qual propósito ou significado você está comunicando para seus colaboradores? Por que vale a pena seus colaboradores te seguirem?

Não adianta comunicar, tem que viver o propósito na concretude da rotina diária.

Se você e sua empresa estiverem contratando ou formando colaboradores reborn, me chame para discutirmos estratégias para desenvolver pessoas inteiras e engajadas. 

Se você conhece uma empresa que precisa desta reflexão, compartilhe esse conteúdo.

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